quarta-feira, 1 de abril de 2009

Hoje faz 45 anos do golpe de 1964

Há 45 anos, teve início um dos períodos mais tenebrosos da história do nosso país: o golpe militar de 1964. Foram 21 anos de uma ditadura que alguns, hoje, ousam chamar de "ditabranda". Um regime que acabou com as liberdades políticas e calou à força os que dele discordavam, deixando um rastro de violência, tortura e morte. Bom, ainda há quem negue o holocausto de judeus pela Alemanha nazista...
Como historiador e filiado a um partido político que incluiu, em sua origem, exilados e outras vítimas da repressão militar daquele período, creio que não devemos jamais deixar passar em branco uma data como essa. É importante relembrar, para que a memória não suavize os horrores de um regime de exceção.
Mas, que data devemos lembrar? Os militares preferiram adotar 31 de março "assinalado nos livros de História dos coronéis como o dia da "revolução" "para fugir ao deboche do 1° de abril, apesar de o golpe ter se efetivado mesmo no dia da mentira. A "mudança" dá uma ideia da mentalidade de um regime que teve a censura como seu pilar de sustentação e para o qual o golpe de Estado teria sido, na verdade, uma "revolução" anticomunista. Nessa mesma toada, há quem veja o "lado positivo" da ditadura, alegando que os militares promoveram o chamado "milagre econômico" e colocaram o Brasil entre as maiores economias do mundo. Esses se esquecem da herança deixada pelo regime militar: uma dívida externa gigantesca e índices inflacionários que gradativamente fugiram ao controle, atingindo patamares inconcebíveis. A teoria econômica militar era simples e rasteira: primeiro, fazer o bolo crescer, para depois repartir. Tudo funcionou enquanto havia crédito internacional barato. Quando o crédito murchou, a máscara do "milagre" caiu. E o resultado foi um grande empobrecimento da população e a terrível concentração de renda, que gerou "e ainda gera "consequências funestas para a sociedade. Somente nos últimos anos o Brasil começou a reverter essa lógica perversa, segundo a qual o desenvolvimento de uma sociedade se mede pelos índices econômicos e não pela qualidade de vida real do povo.
Nesse 45° aniversário do Golpe Militar, uma das lições que podem ser extraídas é que muitas versões não resistem aos fatos. A atual estabilidade econômica e social foi fruto da democracia e da luta de toda uma geração. Não devemos esquecer jamais.

JOSÉ LUIZ GUIMARÃES é vereador do PT e líder do governo na Câmara de Guarulhos.

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